Você sabia que a resistência a quedas é apenas a 12ª colocada entre as características levadas em conta pelo brasileiro na hora de comprar um smartphone novo, de acordo com pesquisa da consultoria IDC? Porém, em levantamento feito pelo G1 com assistências técnicas, os consertos de telas quebradas representam 80% dos serviços feitos.
Isso já aconteceu com você, o que é provável num país com vendas trimestrais de 12,4 milhões de celulares, ou você deve ter percebido o tanto de gente, seja na rua, no ônibus ou no trabalho, que usa ou teve um smartphone com display trincado.
Por isso, o G1 procurou especialistas, assistências, consumidores, fabricantes e advogados para tentar entender essa “quebrada”:
Pequenos notáveis
Mas por que os smartphones têm ficado tão frágeis? E por que é tão caro consertá-los? Há dois motivos principais, de acordo com Renato Franzin, pesquisador do Laboratório de Sistemas Integráveis (LSI) da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP).
Primeiro: hoje, os celulares são “uma coisa só”. Se uma peça quebrou ou deu defeito, há grandes chances de você ter que trocar outras junto. E aí o valor aumenta.
“Há dois anos, você tinha o vidro, o sensor ‘touch’ sobre a tela de LED ou LCD e depois uma placa eletrônica com todos os circuitos do aparelho. Mas a tendência hoje é cada vez mais usar o próprio display do celular para instalar todos os componentes”, diz Franzin.
Segundo: o vidro é um bom isolante. Afinal, o principal material dos componentes eletrônicos vem da areia, mesma fonte do vidro. Mas ainda não há um equilíbrio entre tamanho e resistência capaz de suportar a todas as quedas.
“O desenvolvimento de vidros para smartphones evoluiu a uma velocidade bastante grande. No caso do iPhone 6, por exemplo, a principal causa de quebra não era a fragilidade do vidro, mas da moldura de alumínio”, conta Franzin.
A tela quebrada costuma dar dor de cabeça principalmente a donos de celulares novos. A garantia das fabricantes não costuma contemplar danos ao display e, em casos como esse, elas geralmente dizem que houve “mau uso do usuário”. Logo, não são obrigadas a fornecer cobertura.
De acordo com Pablo Linhares, fundador da rede de assistências técnicas PLL, com lojas em São Paulo, Rio e Salvador, a maior média de reparos de tela é entre aparelhos que ainda estão na garantia. “70% a 80% dos smartphones que entram para conserto estão no primeiro ano de uso, ainda são novos”.